terça-feira, 26 de janeiro de 2010

SEXUALIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É E COMO SE FAZ

SEXUALIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É E COMO SE FAZ

Professora Joana Veloso - MATERNAL III




6.1. A SEXUALIDADE E A CRIANÇA

A função sexual é parte da pessoa e nossa sexualidade exclusiva, pois, para os humanos, diferentemente de outros mamíferos, abrange mais que o ato sexual e a reprodução. Envolve quem e o que somos como homens e mulheres como chegamos a sê-lo, como nos sentimos e lidamos com isso tudo e nos relacionamentos com outro. Envolve também aprendizado, reflexão, planejamento e tomada de decisões. Assim é educar para a sexualidade, não de forma intuitiva como fazemos, mas de forma intencional.
É preciso então conhecer melhor o assunto e principalmente aprender a falar sobre ele, com facilidade e maneira apropriada, racional e carinhosa. Sabemos hoje que a criança recém nascida é capaz de apresentar sinais orgânicos de excitação, ereção nos meninos e lubrificação nas meninas, o que continua a acontecer por toda a vida. Desde cedo, as crianças tem inicio a sua educação sexual, merecendo assim atenção, reflexão e conhecimento.

Bases da Educação Sexual

A base da educação sexual da criança inicia quando ela recebe atendimento para suas necessidades de alimento, higiene e afeto. Assim, o cuidar da alimentação, acariciar, segurar e trocar a criança com cuidado e atenção poderá lhe dar a confiança que servirá de base para bons sentimentos. A capacidade para intimidade e a confiança estabelecida na infância repercutirá em uma relação amorosa, anos depois.
A educação sexual da criança continuará em todos os momentos de sua vida e dos 18 aos 36 messes outras experiências corporais irão afetá-la, pois está mais consciente de muitos aspectos do ambiente e sabe o que esperam dela, está mais independente e aumentou sua exploração sensório motor. Já usa imagens, símbolos e linguagem.
O pensamento egocêntrico e individual, que caracteriza essa fase, começa a traduzir-se num jogo simbólico e de imitação. A criança brinca de boneca e recria sua própria vida completando a realidade através da ficção, da fantasia, do sonho. As educadoras e pais que lidam com a criança continuam a ser o centro de referência, ligados à alimentação e, agora à aprendizagem da limpeza e controle do esfincteriano.
A eliminação das fezes confere a criança um prazer tão grande como antes o uso da chupeta. Se o controle esfincteriano existir, porque a criança esta biologicamente preparada para esse evento, ela se sentirá gratificada. Se ocorrer o contrario desencadeia-se ansiedade e perturbação. Podemos dizer que o desenvolvimento afetivo nesse período, esta centrado na aquisição do controle do esfincteriano. Querer olhar produtos do seu corpo, os próprios órgãos e se interessar pelos órgãos dos colegas são comportamentos naturais e devem assim ser encarados, de tal forma que a criança perceba, com naturalidade, essa parte do corpo e desenvolva sentimentos positivos a esse respeito.


6.3. A FASE DOS PORQUÊS

Está fase é desencadeada pela constatação das diferenças sexuais que a criança observa quando compara o seu corpo com o do outro sexo. Ela já sabe que há diferenças sexuais e absorveu idéias relativas a essa questão, tanto que repara nas roupas e faz descriminações nos brinquedos.
A criança aprende com os comportamentos e atitudes que as rodeiam. Dessa forma, aos inevitáveis porquês, as respostas devem ser imediatas, naturais e verdadeiras, os porquês da criança tem função informativa e, muitas vezes, afetiva, pois fazem o adulto ocupar-se dela, protegê-la e acalmá-la.
Na medida em que a criança cresce aumenta sua curiosidade sobre tudo, ela manipula seus órgãos, gosta de afagar, beijar e tocar os companheiros. Gosta de brincar de cócegas e faz descobertas através da brincadeira.
Por volta dos quatro aos seis anos ela tem plena consciência das diferenças sexuais e se interessa pela anatomia, funções, papéis sexuais, tamanho dos órgãos e como são chamados. A essa altura a criança já freqüenta a escola e lá tem bem marcadas as diferenças, reforçadas nas formas de tratamento, nos brinquedos e solicitações. É importante responder e esclarecer somente o perguntado, pois as crianças compartilham informações sobre sexo e é preciso organizar as informações, corrigi-las e enriquecê-las, e principalmente mostrar a ela que sempre que quiser poderá contar com ajuda do educador.


6.4. ATITUDE DOS ADULTOS

Em nossa sociedade, as crianças estão ingressando cada vez mais cedo na escola, por isso devemos estar atentos e preparados para enfrentar as perguntas, brincadeiras de faz de conta e as histórias contadas por elas, para auxiliá-la e, também, a sua família. Necessitamos de conhecimento técnico para que possamos organizar situações de aprendizagem que ajudem à criança no seu desenvolvimento. Isso pode ocorrer na brincadeira com bonecas e bonecos, vestindo-os e despindo-os, dando banho etc. Dessa atividade devem participar meninas e meninos. O importante é respeitar cada um e aceitar que meninas brinquem de carrinho e meninos com bonecas.
As transformações de nossa sociedade são enormes e rápidas, por isso devemos mostrar a criança que em casa e no grupo social, homens e mulheres podem desempenhar mesmas funções, que sentem medo, dor, que choram. Acriança necessita ver seus pais e educadores presentes, afetivos, interessados, abertos e conscientes de seus interesses com relação à sexualidade, que tem objetivos diferentes dos interesses adultos. Só assim podemos contribuir para uma visão menos preconceituosa e mais humana, pois lidando com naturalidade com este assunto estaremos humanizando nossas crianças.

Um comentário:

  1. Este talvez seja o grande papel sócio-institucional de uma escola. Construir pensamentos e comportamentos na sociedade, tendo como ferramenta, as relações com as crianças que, por sua vez, nesta linha de raciocínio, postam-se como estruturas de comunicação entre as etnias, culturas, vontades, necessidades, instituições e pessoas.
    A tanto, que a relevância institucional da escola é reconhecida pacífica, mansa e inarredavelmente por tudo e por todos. Cabe, então, aos educadores, reconhecerem essa relevância, reconhecendo-se, consequentemente, como profissionais e classe indispensável e valiosíssima.
    Um carinho à Direção e aos educadores dessa escola.

    Paulo Campos
    Especialista em Gestão Empresarial e Cooperativismo
    Psicanalista

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