terça-feira, 26 de janeiro de 2010

CRIANÇAS DE 2 A 3 ANOS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

CRIANÇAS DE 2 A 3 ANOS E SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Professora Priscila Cabeleira Bernardes ( JARDIM)
Professora Maristel (MATERNAL II)





Cada fase da Educação Infantil – crianças entre 0 e 5 anos – apresentam características diferenciadas. É nessa primeira etapa da educação básica que ocorrem as transformações mais significativas no desenvolvimento integral da criança. Em cada fase, ou idade, uma nova habilidade – cognitiva, afetiva, motora, etc. - é adquirida. Novas descobertas são feitas, principalmente se ela estiver inserida em um ambiente estimulante, como a escola, na qual, novos desafios são propostos constantemente.
Na fase dos 2 aos 3 anos, faixa etária do Maternal II, algumas características ganham destaque . A primeira delas e talvez a mais significativa, é o aprimoramento da fala. A criança passa a aumentar o seu vocabulário e a usá-lo a seu favor, seja para solucionar problemas, seja para solicitar algo desejado, bem como relatar fatos, idéias e história. Ela deixa de dizer palavras “soltas”, característica da fase anterior, e começa a formular frases.
É nesse período que, segundo Piaget (1967), a criança se torna “[...] capaz de reconstituir suas ações passadas sob forma de narrativas, e de antecipar suas ações futuras pela representação verbal”. (p. 24). O autor ressalta ainda que com o desenvolvimento da linguagem a criança passa a socializar com os demais indivíduos, surgi o pensamento propriamente dito e a criança passa a interiorizar suas ações, sendo esses aspectos fundamentais para o desenvolvimento mental. Por volta do primeiro ano, por exemplo, a criança diz “água” para expressar que está com sede, a partir dos 2 anos ela passa a construir a frase “quero tomar água”.
Como conseqüência do aprimoramento da linguagem, há um desenvolvimento também afetivo, que conforme Piaget é essencial para a formação da criança. Ela começa, a partir de então, a formar sua personalidade, fazendo escolhas, desenvolvendo os sentimentos interindividuais, ou seja, ela passa a definir o que lhe agrada e o que a desagrada – simpatias e antipatias –, respeito ao próximo, etc. Na faixa etária trabalhada no MII, notamos claramente que elas realizam suas escolhas como o colega ou o brinquedo que preferem.
Para que a linguagem oral se desenvolva satisfatoriamente é essencial estimular a criança sempre, fazendo com que ela perceba o quanto é fundamental utilizar a fala para se comunicar com as demais pessoas. Para isso é preciso que a educadora:
• utilize a rodinha para conversar com as crianças de forma não infantilizada, procurando fazer com que elas se identifiquem – a si próprios, os demais colegas e professoras -, cantem, reproduzam histórias contadas ou não pela educadora e socializem fatos ocorridos com elas;
• estimule a criação de histórias, pelas crianças, com fantoches, a “leitura” de livros e gravuras;
• estimule as crianças a expor idéias e hipóteses, fazendo dessa forma com que elas também desenvolvam o senso crítico e a autonomia.
Outra característica observada nesta faixa etária é a questão de gênero, no qual, a separação menino x menina fica evidente, principalmente entre as crianças com 3 anos, porém, percebe-se que essa questão está ainda se formando – como já foi dito, a personalidade está sendo construída, bem como a identidade. A criança passa por contradições, ou seja, ao mesmo tempo em que ela diz que brincar de carrinho é coisa de menino, em outro momento ela brinca de carrinho. É fundamental destacar que essa “formação” é influenciada pelo meio, ou seja, se em casa ou na escola a criança é estimulada ou ensinada a distinguir o que é de um e o que é de outro, ela automaticamente vai assimilar e reproduzir essa concepção em sua vida social.
Segundo Bencini (2007), são os adultos, que cresceram vendo e fazendo distinções entre homens e mulheres, que esperam atitudes e comportamentos específicos para cada um. A autora ressalta que para as crianças não interessam regras do que menina ou menino pode ou não fazer, eles simplesmente querem brincar e reproduzir o que vêem em casa, na rua e na televisão – pais, tios cuidando dos filhos e da casa; mãe dirigindo, trabalhando, etc.

“[...] até os 3 anos, em média, as crianças não encaram as características biológicas como diferenças. Mas, se repreendidas ou ridicularizadas quando não fazem as escolhas consideradas corretas, aprendem, além de homens e mulheres não serem iguais, que existe um modelo de masculinidade e feminilidade e uma relação de poder entre eles.” (p. 104).



Para que esses estereótipos não sejam cultivados, nem assimilados pela criança, é fundamental que a escola trabalhe essa temática, afinal essa é uma fase de formação da identidade, em que as crianças começam a se descobrir em todos os sentidos – seu físico, seus limites, suas atitudes com relação ao outro, etc.
É nessa etapa, na passagem dos 2 aos 3 anos, que a criança passa a construir também sua independência, ou seja, passa a ter controle de suas ações – controle dos esfíncteres, por exemplo. Ela come sozinha; vai ao banheiro sozinha; realiza escolhas; consegue se concentrar mais; respeita, dentro de suas possibilidades, os limites impostos; se interessa em ouvir e contar histórias; cria hipóteses sobre determinados fenômenos e fatos; expressa suas curiosidades, enfim, como em toda a fase da Educação Infantil, ela ganha novas habilidades e passa a curtir-las intensamente.
REFERÊNCIAS:
BENCINI,Roberta. Brincadeiras não têm sexo. In: REVISTA NOVA ESCOLA, p. 104-107, junho/julho 2007.
PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Editora, 1967.

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